quinta-feira, 24 de março de 2011

“O problema não és tu, sou eu”

Ou como quem diz “o problema não é o Estado, somos nós”.

Por mais que tente não consigo perceber a maioria das vozes que me rodeiam. Não compreendo como é que há pessoas que dão vivas por o governo ter caído nesta altura. Não percebo como é que ouço alguém dizer que não vale a pena votar, que já não acredita na democracia. Não entendo porque é que vejo tanta gente a apontar o dedo e tão pouca a mexer o rabo ou mesmo, tão simplesmente, a acreditar que é capaz.

Pensando bem eu acho que afinal o problema é tão teu como meu. 

A classe política em geral, fez-nos desacreditar neles. Pelas mentiras, pelas utopias, pelos discursos sempre iguais, pelas amnésias que aparentemente têm. Não é possível termos sempre líderes brilhantes. Há Barrosos e Sá Carneiros, Carvalhas e Cunhais, D. Josés  e D. Joões, Bushes e Obamas. Não é com certeza todos os dias que nasce um grande líder, mas também não é todos os dias que nasce um Mourinho e não é por isso que se deixam de se levantar taças (olha eu e as minhas tentativas de analogias futebolísticas). Os grandes líderes não caiem do céu aos trambolhões mas não acredito que seja por isso que devemos deixar de acreditar no sistema.

“Conhece a expressão "morrer na praia"? Esqueça. Portugal chegou à praia, viu lá um poço e atirou-se.” escreveu Pedro Santos Guerreiro na passada 3ª feira aqui  (uma opinião que vale mesmo a pena ler). Eu acredito que quando um líder deixa de saber organizar, planear, governar e motivar, deva ser mudado. Eu não acredito é em milagres. E se o Miguel Sousa Tavares acha mau os Homens da Luta irem até à Eurovisão, eu acho que saber que “nas últimas 24 horas foram escritos um milhão e 360 mil textos sobre as dificuldades do país e a demissão do primeiro-ministro” é bem pior.

Eu também já não acreditava muito neste governo, mas também não acredito muito nas alternativas que há por aí. Aliás, eu não tenho acreditado muito nos governos em geral. E se acredito que estamos mal também acho que podemos ficar muito pior. Por culpa deles e por nossa culpa. Porque somos “nós” que elegemos o Governo. Somos “nós” que não nos damos ao trabalho de votar, mas somos os primeiros a acusar. Somos “nós” que passamos a vida a queixar-nos do Mundo estar contra “nós” simplesmente porque é mais simples. Somos “nós” que não agarrávamos nas histórias boas e acreditamos que podemos fazer alguma coisa. Somos “nós” que não combatemos esta inércia global. E, se bem me lembro, somos “nós”  que fazemos este país, este Estado Português certo?

Estou curiosa com o que irá acontecer, mas estou longe de estar pessimista. Eu continuo a acreditar que podemos dar uma volta boa a isto, que podemos lutar e renovar. É mais simples do que parece. Basta deixar de sermos mesquinhos, invejosos, pessimistas e queixosos. Li que “dizem que as dificuldades aguçam a criatividade” Por isso sejamos criativos, acreditemos que somos capazes. Se for preciso voltemos a ler a Mensagem e a lembrar “que tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Acreditemos em nós. Acreditemos na valorização por mérito.

Não se acomodem. And… “may the Force be with you”.

4 sentidos:

Sara disse...

Não podia concordar mais contigo!
Like, Like e Like!!!!!

Por isso, bora lá minha gente e vamos à luta!!!

Jacinta. disse...

ontem estive toda a tarde trabalhar *cof cof a discutir isto!!! *cof cof concordo plenamente....

Vera disse...

"Estudar" (com aspas mesmo), também faz muito bem Martinha! Falar do que nos rodeia faz bem e, com sorte, pode ser que contagiemos alguém! :)

Jacinta. disse...

é bem verdade, aprende-se sempre bastante nestes diálogos! :)