domingo, 13 de março de 2011

Do blogue.

Por vezes dou por mim a perguntar por que raio é que tenho o blogue. Inicialmente a ideia era apenas mostrar o “artesanato” que se fazia lá por casa. Depois, começamos a partilhar umas receitas. Umas fotos. Umas ideias. Uns pequenos feitos. Começamos a descobrir outros blogues, a divagar mais um bocadinho e o blogue tornou-se aquilo que é hoje.

Se por um lado estou sempre a apontar o dedo à sobreexposição na Internet, por outro, gosto deste conceito de partilha. Se por um lado acredito que ninguém conhece ninguém através de um blogue, por outro acho que há aí meia dúzia de pessoas de quem estou muito mais próxima graças aos seus blogues.  Se por um lado critico os bloggers aborrecidos que por aí há, por outro sei perfeitamente que aquilo que escrevo interessa muito pouco.

Eu tenho muitas opiniões a dar mas, muitas vezes, não gosto de as escrever aqui. Porque com a característica “blogue não planeado”, veio o factor “pessoas sabem que eu sou” o que não é totalmente bom. O que eu penso “de cabeça quente” é muito diferente do que eu penso depois de contar até cem bem-de-va-ga-ri-nho e, escrever aqui o que vem à cabeça antes da contagem, era capaz de fazer com que me quisessem bater e eu nunca fui pessoa de me saber defender bem.

Por outro lado adoro estar com alguém que já não via há algum tempo e ouvir um “eish, li no teu blogue que gostavas de ir à Costa Vicentina, tens que ir aquilo é tão porreiro!” ou um “li que pensas deserdar os teus filhos caso não gostem de ler, fartei-me de rir”. Ainda estou à espera de ouvir um “descobri o teu blogue e percebi que és uma pessoa brutalíssima, toma lá uma viagem à Nova Zelândia só porque mereces” mas é capaz de ser difícil.

A verdade é que eu ainda não percebi sequer que tipo de blogue é que eu gostaria de ter. Um blogue privado trazia todas as vantagens de liberdade e devaneio. Um blogue público aproxima-me de algumas pessoas mas corta-me as asas. Não quero ter dois.

As vezes que penso o porquê de ter um blogue acabam sempre no mesmo: sabe-me bem. Com mais ou menos gente a passar por cá, com mais ou menos empenho da minha parte, sabe-me bem escrever aqui. Contar o que fiz, o que quero fazer. Sabe-me bem reler tudo outra vez, partilhar algumas coisas e descobrir outras. Queixar-me ou vangloriar-me só porque sim. Escrever sem ou a pensar. Mostrar músicas que gosto. Receitas que fiz. Quilos que perdi (nunca os que ganhei). Metas que atingi. Desabafos mais ou menos sérios. Olhar para traz e ver que evoluí. Que estou diferente. Que se fosse agora não faria assim. Podia ser pior ou melhor, mas seria diferente. Ou então não. Que escolhi bem. Que sou a maior. Que faria tal e qual porque foi a decisão certa.

Este blogue não é para ser perfeito, não tem que me trazer enormes benefícios, não é para ser levado muito a sério. Este blogue existe porque me/nos sabe e faz bem. E isso chega.

2 sentidos:

Nokas* disse...

"Um blogue público aproxima-me de algumas pessoas mas corta-me as asas."
O quanto me revi no post que acabaste de escrever. Tal e qual. Sem duvida que por vezes condiciona a escrita o facto de eu saber que quem lê o blogue conhece a(s) pessoa(s) que estão por detrás. às vezes apetecia-me escrever mil e uma coisas mas depois paro, penso. Há também a questão da privacidade, do não se querer expor demasiado (e no entanto uma pessoa acaba por se expor, muitas vezes nem se apercebe).
Por isso isto tudo tem dois lados na mesma questão, mas acima de tudo acho que é um espaço onde no fundo uma pessoa é mais do que livre de escrever o que quiser, mesmo que sejam puras futilidades ou assuntos de interesse nacional.

Vera disse...

Sim Nokas, é mesmo isso. Por outro lado, apesar de tudo, sabe-me bem esta proximidade. Tenho a certeza que, apesar de tudo, vale a pena :)