Tenho por princípio acreditar nas pessoas e geralmente não me arrependo. No entanto, nos últimos tempos tenho ouvido um conjunto enorme de histórinhas da Carochinha e se há coisa que eu não gosto é que me façam passar por burra. Dou explicações de matemática, e gosto muito do meu explicando, o que acaba por não ser propriamente bom porque acabo por fechar os olhos mais do que o que devia. A questão fundamental é que, aparentemente, ele quer perceber matemática sem fazer exercícios. Já lhe marquei muitos trabalhos para casa, já marquei poucos, já deixei à consideração dele. Já lhe dei grandes sermões, já lhe expliquei que é para o bem dele, já lhe mandei mensagens para ele não se esquecer de fazer exercícios and so on... Eu sei que não me deveria deixar afectar, que ele é que não quer aprender, mas não consigo deixar de me sentir frustrada, porque, obviamente, não vejo resultados. Esta semana foi um óptimo exemplo. Marquei-lhe exercícios do livro dele para fazer e enviei alguns por email (não muitos, juro!). Como ele adiou a explicação 4 dias, eu enviei-lhe mais um teste intermédio de um ano anterior para fazer revisões. No dia da explicação, algumas horas antes, envio uma mensagem para ele não se esquecer de ir ver o email. Eis que surge o diálogo surreal número 1.
Ele: Ah, ok, depois vejo. Não fiz os que me mandaste há uma semana para o email porque apaguei o caixa de entrada "sem querer".
Eu: Ok, já te reenviei esse email também. Espero que pelo menos os do caderno de actividades tenhas feito.
Ele: Sim, sim. Fiz.
Algumas horas mais tarde, chega e eu peço os exercícios para corrigir. Diálogo surreal número 2.
Ele: Os últimos que me mandaste não fiz porque a minha impressora não imprime.
Eu: E os outros? Sabes que quando apagas um email eles vão para a lixeira não sabes?
Ele: Sim, mas também apago a lixeira.
Eu: E não tens o meu número? Eu enviava outra vez!
Ele: Pois, mas andava lá atarefado a tentar ver o que se passava com a impressora e depois passou-me.
Eu: ... Ok, mostra lá o caderno com os exercícios resolvidos do caderno de actividades.
Ele: Ah, eu resolvi-os no próprio caderno de actividades.
Eu: (A pensar: É quase impossível resolver inequações grandes em cadernos de actividades, mas...) Mostra lá então o caderno de actividades.
Ele: (Folheia o caderno) Eh... Acho que não fiz aqui, devo ter feito no caderno de um amigo meu...
WTF??? Eu não quero nem posso chama-lo mentiroso e, já lhe expliquei várias vezes, que quem perde é ele! Ninguém aprende matemática, muito menos 12º, sem fazer um mínimo de exercícios. Pelo menos, ninguém que eu conheça. Alguém tem alguma nova estratégia eficaz para o por a gostar/trabalhar? E não me digam que “eu não me devia deixar afectar, que o mal é dele que não quer aprender”, que isso eu já vi bem que não consigo.