Quando o calor aperta nas ruas de Santa Maria da Feira, as mulheres vão buscar os vestidos compridos e os homens as armaduras. É tempo de desembainhar as espadas. Não é uma declaração de guerra ao Verão, mas a Castela. Tudo se passa ao longo do maior evento regional do mês de Agosto. Este ano, durante 11 dias consecutivos - de 30 de Julho a 9 de Agosto -, voltam os corpetes, a malha de ferro e as sandálias de couro que palmilham cada canto da zona histórica, onde há sempre qualquer coisa a acontecer. O castelo da Feira é um dos pontos nevrálgicos da trama, mas a área de acção estende-se por 40 hectares. E não são só os números que impressionam: o realismo da viagem histórica consegue reavivar o século XIV, em pleno reinado de D. Afonso IV.
Na época, as guerras de alcova representavam as relações entre os reinos. Os casamentos eram autênticas operações diplomáticas, com poder para criar ou destruir alianças. Foi o que aconteceu quando D. Afonso IV tentou casar o infante D. Pedro com D. Constança, originária de uma família fidalga de Castela, excluindo a princesa do reino vizinho, filha de Afonso XI. Castela opôs-se ao enlace e aprisionou D. Constança. Para aumentar a cólera do rei português, espalhavam-se os rumores da infidelidade de Afonso XI, casado com D. Maria, irmã do infante D. Pedro. Fazendo jus à máxima «de Espanha nem bom vento nem bom casamento», Afonso IV declara guerra a Castela em 1336.
Tudo o resto é História. Uma História que pode ver-se contada pelas ruas da cidade. Para fazer parte dela basta vestir o trajo a rigor (que pode ser comprado durante o evento - desde €30 a €200) e dançar nos arraiais da Ordem de Avis ou, se se preferir, da Ordem de Cristo. O leitor poderá também sentir as dificuldades dos guerreiros e participar na subida ao castelo ou nos treinos dos escudeiros. Mas no «assalto ao arraial» só participam os que superam o casting, uma espécie de testes à destreza e ao talento para representar dos guerreiros empart-time. Os ensaios para o grande momento começam quase um mês antes da viagem medieval.
Como nem só de esforço vive a feira, os banquetes também fazem parte da Idade Média. Da ementa constam as carnes de caça e, até, pratos árabes, no Restaurante da Mouraria.
Este ano, as grandes novidades da feira da Feira são os programas nocturnos: as Sombras do Castelo e os Arautos Celestes, dedicado à astronomia medieval. Longe da Ciência estão os rituais de bruxaria.
No Lago dos Feitiços todos são livres de pedirem um desejo, e a avaliar pelos 50 mil visitantes diários (em 2008), há um pedido recorrente: voltar à feira para o ano que vem.
in "Um país a viajar no tempo", Revista Visão nº855
E ainda citando a mesma fonte, venham "à mais espectacular das feiras medievais que entre nós se realizam".
As informações estão já todas disponíveis no site da Viagem Medieval.
E nós vamos estar algures por lá!
Apareçam na Taberna do Talegre algures na zona assinalada no mapa! =)
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E nós vamos estar algures por lá!
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