Receita de Bolo e creme de iogurte com romã
Há 3 meses
Hoje é dia dos namorados e eu não tenho namorado.
Ainda nem me habituei a dizer isto, é como se ainda não fosse bem verdade, afinal uma coisa não deixa assim de ser de um momento para o outro, sem mais nem menos, agora é, agora já não é. O corpo habitua-se àquele outro ser que nos preenche a alma e é como se os músculos começassem a crescer à volta dele, até nós estarmos tão emaranhados na outra pessoa que nem sabemos bem onde é que acaba um e começa o outro.
Por isso hoje é dia dos namorados e eu não estou com aquele que seria o meu namorado. O desgosto é recente, ainda nem me pus a tentar colar os cacos, ainda nem percebi se são mesmo cacos se farpas se um músculo a definhar e eu com ele. Sou como um viciado a ressacar, naquela fase pior em que já passou um bocadinho, pouco, e por ter sido pouco ainda não vimos bem no que nos metemos, quase achamos que vamos conseguir e depois aquilo avança e atinge um estado insuportável em que o corpo grita por mais uma dose e não há mais nada, não conseguimos pensar em mais nada, não há terapia, oração ou metadona que nos valha. Estou assim e hoje é dia dos namorados.
Por isso calem-se com o discurso obrigatório este dia é nojento e comercial e são ridículos os casais que o festejam porque casais ridículos há-os sempre e não me venham dizer que toda a gente que festeja este dia está a fingir ou algo assim. Odeio generalizações cegas, odeio.
E expliquem-me qual é a diferença entre comprar um urso de peluche ou a porcaria de uns chocolates só porque é isso que se deve fazer e porem-se para aí com esse discurso só porque é isso que se deve dizer? É tal e qual como comprar o urso. Só que mais feio.
Vão mas é para casa dar beijos na boca.
(...) A noção de que os princípios da regularidade e da repetição podiam quer simplificar a construção, que resultar num edifício harmonioso era uma ideia sedutora. Todavia, não estava convencido de que a proporção fosse a essência da beleza. Tinha propensão para tudo quanto era agreste: montanhas altas, carvalhos envelhecidos, o cabelo de Aliena.
Sinto-me culpada. Esta coisa de andar tudo à turra e a massa, ainda que lá longe, preocupa-me. Mas não consigo canalizar toda a minha concentração para o problema do Egipto porque estou constantemente a ler que tudo aquilo se passa no Egito. E eu não sei o que é o Egito, onde fica e porque sofrem os habitantes desse país que eu não conheço, o Egito. E no exacto momento que devia ser de choque, que é no início da notícia, eu estou a fazer contas de cabeça do que raio será o Egito.